sábado, 30 de novembro de 2013

RIO DAS RÃS: UM EXEMPLO DE LUTA


Situada no município de Bom Jesus da Lapa, entre o rio São Francisco e o rio das Rãs, a comunidade remanescente de quilombo Rio das Rãs teve seu território titulado pela Fundação Cultural Palmares no ano de 2000 com 272 mil hectares.


As cerca de 300 famílias de Rio das Rãs distribuem-se por diversos pontos de seu território nas localidades conhecidas como Brasileira, Capão do Cedro, Enxu (ou Exu), Riacho Seco, Mucambo, Pau Preto, Retiro, Corta Pé e Rio das Rãs.
A região do médio rio São Francisco onde se encontra essa comunidade passou a ser ocupada a partir do século XVI. Entre os séculos XVII e XVIII, quando se encontrava na rota canavieira nordestina e mineradora, a região experimentou um período de grande prosperidade, principalmente com a criação de gado. Depois, porém, vivenciou quase cem anos de dificuldades em função da decadência da atividade pecuária. Nesse período permaneceram na região quase que exclusivamente negros e índios aquilombados.
Com a instituição da Lei de Terras em 1850, grileiros, posseiros e supostos donos de terras buscaram obter ou regularizar títulos de propriedade sem levar em conta os direitos da população que historicamente ocupava a região. Foi nesse processo que, no final do século XIX, o coronel Deoclesiano Teixeira estabeleceu o controle sobre as terras dos quilombolas de Rio das Rãs.
Segundo relatam os moradores mais antigos da comunidade, seus antepassados entraram em acordo com o coronel e, na prática, os comunitários tornaram-se agregados, trabalhando para ele como vaquejadores. Esse arranjo só viria a se modificar na segunda metade do século seguinte.
Passado quase um século de relativa calmaria na região, a comunidade se defronta com novas ameaças. No início da década de 1970, novos conflitos se iniciaram na região. A violência foi intensa e muitos quilombolas foram expulsos, além de algumas localidades acabarem se extinguindo.   No início da década de 1980, a compra dessas terras pelo Grupo Bial-Bonfim Indústria Algodoeira agravou ainda mais essa situação de conflito.
Nessa luta, os quilombolas contaram com diversos aliados como o Ministério Público Federal, o Movimento Negro Unificado e a Comissão Pastoral da Terra. A comunidade saiu vitoriosa e conseguiu em 2000 o título sua terra.
Os quilombolas de Rio das Rãs tornaram-se exemplo de luta e estímulo para outras comunidades quilombolas da Bahia e do Brasil por sua resistência e suas conquistas.




Comunidades Quilombolas do Estado da Bahia

"Os levantamentos mais recentes realizados por pesquisadores e militantes de organizações não governamentais indicam a existência de 300 a 500 comunidades quilombolas no Estado da Bahia. O Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos do governo federal registrava em outubro de 2006 a existência de 159 comunidades naquele estado.
Na Bahia, até outubro de 2006, quatro comunidades contavam com suas terras tituladas (ou ao menos parcialmente tituladas) pelo governo federal ou estadual: Barra, Bananal e Riacho das Pedras; Parateca e Pau D'Arco; Rio das Rãs; Mangal e Barro Vermelho.
A história de grande parte dos quilombos na Bahia é marcada por disputas e conflitos com os grandes proprietários e grileiros. "

Quilombolas.

Um site interessante onde vocês poderão visualizar e conhecer um pouco mais sobre as comunidades quilombolas no Brasil.
Abaixo segue o link:



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CONHECENDO UM POUCO SOBRE OS KALUNGAS - A MAIOR COMUNIDADE QUILOMBOLA DO BRASIL.



Mais acesso aos programas sociais, regularização de terras, apoio para atividades rurais e educação para as crianças. Estas foram algumas das medidas anunciadas em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra para garantir mais qualidade de vida a estas comunidades. São mais de 200 mil famílias quilombolas em todo o país. Essa Matéria mostra um pouco da comunidade no município de Cavalcante (GO), que fica a 300 quilômetros de Brasília, conhecidos como Os KALUNGAS, que ao longo dos anos, vem mantendo as tradições passadas e abrigam mais de 8.000 famílias. Nos últimos 30 anos o Quilombo sofreu algumas transformações, como as cabanas de taipa deram lugar as de alvenarias, mais ainda há muito o que melhorar. Metade das famílias recebem o bolsa família, más muitos vivem em condições de extrema pobreza. As mulheres tem como sua fonte de renda a Tecelagem e o artesanato e os homens são agricultores; Antigamente eles plantavam apenas para o próprio consumo, hoje em dia, esses alimentos são vendidos para a Companhia Nacional de Abastecimento onde são transformados em merenda escolar. Outra ação do Governo Federal, foi a construção de 157 casas no Quilombo. Para saber mais e conhecer o projeto Kalunga Sustentável, assistam ao vídeo.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

CULTURA QUILOMBOLA NA BAHIA

UM POUCO DA CULTURA QUILOMBOLA NA BAHIA



A cidade de Cachoeira na Bahia é largamente conhecida por sua grande produção cultural. Principalmente, no que tange a cultura afrodescente. Realizando diversos eventos, com mostras destas culturas. A cidade de Cachoeira-BA, também é reconhecidamente um berço da religião de matriz africana como o candomblé. Sendo que nesta cidade localiza-se o distrito de OPALMA, o qual fica especificamente no Vale do Iguape, sendo a primeira comunidade, geograficamente, daquela península, que também é composta pelos distritos de Santiago do Iguape e São Francisco do Paraguaçu, sendo reconhecidamente um reduto de descendentes de quilombolas, com uma culinária muito voltada para a maricultura, principalmente a produção de ostra, e a produção do azeite de dendê.

A comunidade de OPALMA tem cultura extramente peculiar, tendo a sua população uma origem totalmente ligada a matriz africana. Sendo ali povoada inicialmente por negros, que ali foram levados para trabalhar na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, inicialmente. Posteriormente trabalhando na indústria de produção de azeite de dendê. 

Nesta localidade existe um conhecido centro cultural chamado CECVI - Centro de Educação e Cultura Vale do Iguape, o qual é administrado pelo CONSELHO QUILOMBOLA DA BACIA E VALE DO IGUAPE.



HISTÓRICO
 
QUEM É O CONSELHO
O Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape, Cachoeira-Ba, é composto de quatorze comunidades quilombolas que estão em torno da Bacia e Vale do Iguape, distribuídos nos distritos de Santiago do Iguape e São Francisco do Paraguaçu, isto é Kaonge, Kalembá, Kaimbongo Velho, Kalole, Dendê, Imbiara, Engenho da Ponte, Engenho da Praia, Engenho da Vitória, Tombo, Engenho Novo, Engenho da Cruz, Brejo. A representação no conselho é constituída de oito membros por comunidade quatro titulares e quatro suplentes totalizando 112 conselheiros, que representam diretamente e indiretamente mais de 3.500, famílias.

COMO SURGIU
As comunidades que compõem o conselho passaram por processos organizativos distintos, alguns desenvolveram formas organizativas apenas esporádicas e outros experimentaram processos mais consolidados como a luta nas associações sindicatos rurais.
Partindo de atividades culturais incentivado pela Companhia de Dança Afro Vale do Iguape, que fundor juridicamente o Centro de Educação e Cultura Vale do Iguape, (CECVI) como elemento motivador, mobilizador, articulador, educador e, juntos construiriam uma articulação inicialmente com cinco comunidades quilombola mais próximas e, a partir dessa articulação inicial foi possível à busca e conquista da certificação quilombola, junto á Fundação Cultural Palmares, enquanto remanescente de quilombo em 2004. De posse da certificação as dez comunidades iniciaram um processo tímido de articulação, que durante o ano de 2005 foi concretizando e tomou corpo de núcleo organizativo, sendo então constituído “O Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape, atualmente quatorze Comunidades”. No processo de consolidação do Conselho, outros atores participaram alem das comunidades quilombolas, como  CEPASC,  FACED/UFBA e CJP
O conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape é um dos canais construído pelas comunidades quilombolas da região de Cachoeira, Bahia para se organizar, dialogar e pressionar os poderes públicos para as demandas das mesmas.


sábado, 2 de novembro de 2013

Conhecendo-os um pouco mais.



Derivada do Kimbundi, língua africana, o termo “quilombo” pertence à família linguística Bantu, sendo hoje à atual região da Angola.                         
Na África essa expressão se referia a qualquer grupo de pessoas em deslocamento, geralmente utilizado para disputas guerreiras. Já no Brasil esse termo ganha uma nova referência, por conta dos aparelhos utilizados para a captura dos escravos fugitivos. Desta forma no período colonial, a palavra quilombo se referia a qualquer grupo de cinco pessoas negras encontradas juntas em qualquer local que dispusesse de um pilão, indicando assim autonomia de subsistência, porém não significava que estes eram livres.
No período imperial o termo passa a ser descrito para uma forma mais simplificada, significando grupos de três pessoas negras fugitivas, todavia, na prática era usado para designar um único negro fugitivo.
Havia locais para encontros, alimentação, jogos, assistência religiosa e trocas entre a população escreva, no qual foi o caso das Casas de Angú ou Zungus, no Rio de Janeiro.
Surgiu à República, nessa época o termo desapareceu da legislação por conta da abolição. 
Em 1988 o termo volta, agora fazendo parte da Constituição. Neste tempo passa a ter um sentido positivo e não mais negativo, passando a garantir o direito às terras para as comunidades negras que mesmo após a abolição permaneceram em suas terras apesar de que as terras nunca foram legalizadas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Quilombolas. Onde vivem?


Após a abolição da escravatura em 1888 muitos quilombos se mantiveram ativos, outros se mantém até hoje, sua grande maioria em locais afastados. Eles deram origens às atuais comunidades quilombolas (quilombos remanescentes). Existem atualmente mais de mil comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Palmares, embora as estimativas apontem para a existência de cerca de três mil.
A maior parte destas comunidades está situada em estados das regiões Norte e Nordeste como se pode observar na imagem acima.

Existe uma página virtual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no qual se encontra um arquivo intitulado "Títulos Expedidos às Comunidades Quilombolas, onde consta mais de cem comunidades, entre elas estão: Abacatal-Aurá, Abui, Acapú, Acaraqui, África, Água Fria, Alto Ipixuna, Alto Itacuruça, Alto Pucurui, Aningal, Apui, Araçá, Aracuan de Baixo, Aracuan de Cima...
"Existem comunidades quilombolas em pelo menos 24 estados do Brasil: Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins."